sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

COMENTÁRIO CRÍTICO EPIC 2014

Primeiro era o verbo e toda a capacidade inventiva e o génio criador do Homem. Depois toda essa capacidade se transformou em ferramentas, em técnicas. Com a evolução das técnicas foram-se alterando as formas de comunicar o saber e a informação. Depois Gutemberg criou a imprensa e permitiu que o saber de alguns fosse transmitido a muitos, juntaram-se-lhe as rotas marítimas do Infante, alargaram-se os espaços, e o saber difundia-se ao planeta. Seguiu-se o telégrafo, e a comunicação ganhou o estatuto da instantaneidade. Sobre o telégrafo, à época expoente máximo em matéria de comunicação, chegou a dizer-se que todos teriam de saber operá-lo pois seria um aparelho doméstico e quem não o opera-se seria um excluído da comunicação e informação. Engano rotundo, a inspiração criativa do Homem é inesgotável, tornou o telégrafo obsoleto, e de invento em invento chegamos à informática. Esta, inicialmente apenas foi acessível para algumas elites - aplicações militares, universidades e algumas empresas, e, dada a complexidade, somente para especialistas na matéria. Depois tornou-se intuitiva, acessível a todos, e fez-se de novo a profecia do telégrafo, até se formou uma nova classe - os infoexcluidos – será que a esta profecia vai acontecer o mesmo que à anterior?

A resposta não é tão importante assim, o que importa é que vivemos neste tempo, na era digital, na realidade virtual e é neste tempo que temos de interagir.

A comunicação informacional era unidireccional, dirigida, hoje é bidireccional, ou melhor, agora é multidireccional. Cada um cria a sua própria informação e conhecimento e em simultâneo disponibiliza-a para todos. A rede criou as possibilidades reais de todos e cada um se poder ligar em rede e ter mais ainda uma imensidade de ligações, criando cada um o seu próprio mundo mais ou menos virtual. Que liberdade suprema! Terá os seus custos? Não estaremos a ficar cada vez mais escravos de uma entidade mundial e imaterial à qual alegremente nos vamos conectando, ficando prisioneiros dessa teia gigante?

O homem é na sua essência um ser comunicador e como tal só se realiza comunicando, usando todas as possibilidades e recursos técnicos de que disponha. Esta imensidade e variedade de recursos serão o fim da história? Estamos a chegar ao fim? Pensamos que não. O fim de uma época não é nada mais que o inicio de outra.

A melhor solução residirá sempre no bom-senso, com uma pequena diferença, não vai haver bons sensos colectivos, cada um é livre – livre ou prisioneiro da rede – livre de criar o seu próprio mundo real ou virtual e geri-lo a seu belo-prazer

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